Celulares na Escola: Proibir é o Melhor Caminho?
- Escolas Abertas JF
- 7 de fev.
- 2 min de leitura
*Alessandra Mantini

O governo brasileiro sancionou recentemente a Lei 15.100/25, proibindo o uso de celulares nas escolas públicas e privadas durante as aulas, intervalos e recreios. A justificativa é simples: reduzir distrações e garantir um ambiente de aprendizado mais focado. Mas será que a proibição total é realmente a melhor solução?
Não há dúvida de que o celular pode ser um grande fator de distração para os alunos. Notificações constantes, redes sociais e aplicativos de mensagens competem pela atenção dos jovens, tornando difícil manter o foco nas aulas. Além disso, muitos estudantes ainda não têm maturidade suficiente para gerenciar o uso do celular de forma equilibrada, muitas vezes cedendo à tentação de responder mensagens ou checar novidades a todo momento.
Porém, a solução para isso não é a proibição extrema, mas sim a educação para o uso responsável da tecnologia. Hoje, vivemos a era da informação, da inteligência artificial e do aprendizado digital. Negar o acesso ao celular é negar a evolução do conhecimento humano.
A escola tradicional está ultrapassada
A verdade é que o modelo escolar mudou pouco nos últimos cem anos. Ainda seguimos um formato em que o professor ministra aulas expositivas, enquanto os alunos apenas escutam e anotam. A grande revolução? O quadro negro foi substituído por uma lousa branca.
Fora da escola, a realidade é outra. Qualquer jovem, com um celular na mão, pode acessar cursos online, vídeos explicativos, artigos científicos e plataformas de aprendizado interativo. A escola deveria abraçar essa realidade e usar a tecnologia como aliada, e não tratá-la como uma inimiga a ser banida.
Censura disfarçada de disciplina?
Além da questão pedagógica, há também um alerta importante: essa proibição pode ser um passo na direção da censura. Nos últimos anos, gravações feitas por alunos ajudaram a expor métodos de ensino ultrapassados, discursos questionáveis e até doutrinações dentro da sala de aula. Antes, o que era falado pelo professor ficava restrito àquele espaço. Hoje, com a tecnologia, há transparência.
Impedir o uso do celular significa limitar a capacidade dos alunos de questionar, registrar e compartilhar informações. É uma medida que, sob o pretexto de disciplinar, pode acabar servindo para blindar o sistema educacional contra críticas e mudanças necessárias.
O que fazer, então?
Se o problema é a distração dos alunos, a solução não é proibir, mas regular e educar. Algumas estratégias possíveis incluem:
✅ Definir diretrizes claras para o uso pedagógico dos celulares, com supervisão dos professores;
✅ Incluir a educação digital no currículo escolar, ensinando os alunos a usarem a tecnologia de forma responsável e produtiva;
✅ Estabelecer momentos e locais específicos para o uso dos celulares, garantindo que não interfiram no aprendizado;
✅ Criar um diálogo entre escola, pais e alunos, para que as regras reflitam as necessidades de todos.
O desafio da educação no século XXI não é banir a tecnologia, mas saber como utilizá-la de forma inteligente. Em vez de retroceder com proibições autoritárias, deveríamos buscar formas de integrar o celular ao ensino, preparando os alunos para um futuro cada vez mais digital.
A escola precisa evoluir. A proibição não resolve – apenas ignora o verdadeiro problema.
*Alessandra Mantini é mãe e presidente da Associação Escolas Abertas Juiz de Fora.



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